No Limite da Razão

Afastamento por distúrbios mentais relacionados ao trabalho aumentam 260 por cento nos últimos seis anos.
De difícil diagnóstico, pela ausência de sintomas iniciais, na maioria dos casos, uma epidemia de doenças mentais se alastra silenciosamente. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que entre 30 e 40% da população economicamente ativa sofre de algum tipo de transtorno mental ou de comportamento.
Apesar da discussão quanto ao nexo causal entre o trabalho e esse tipo de adoecimento, especialistas concordam que o atual modelo de organização dos processos produtivos, que desconsidera os fatores psicossociais em seu planejamento, é o principal risco para a saúde mental dos trabalhadores. As consequências já aparecem nas estatísticas do INSS: de 2000 a 2006, os afastamentos por distúrbios mentais relacionados ao trabalho aumentaram 260 por cento.
Para que a mente adoeça, pouco importa a hierarquia ou o grau de instrução: os transtornos mentais podem atingir agricultores, operários, vigilantes, motoristas, bancários, professores, aeronautas. executivos e profissionais de vários outras categorias. A falta de informação sobre o que pode desencadear um distúrbio mental contribui para que esse tipo de adoecimento ainda seja ignorado pela maior parte das organizações.
Sem conhecimento sobre as causas é impossível fazer prevenção. “Enxergar uma doença tipicamente física é relativamente fácil: o chefe e os colegas de trabalho logo reconhecem um trabalhador que não para de tossir ou aquele que caminha com dificuldade porque sente dores nas pernas. Em relação à doença mental, a situação é outra, pois ela é quase invisível”, explica Anadergh Barbosa-Branco, PhD em medicina, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília (UnB).
“As condições que contribuem para o adoecimento mental, conflitos insatisfações e desinteresse relativos ao trabalho podem ser classificadas em três tipos: as doenças geradas por fatores ambientais, as que tem origem em problemas de relacionamento com chefias ou equipes e aquelas geradas pelo tipo de atividade incompatível com o perfil psicológico da pessoa”, descreve Ana Crisitina Limongi França, professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
Por desconhecer os fatores de risco para a saúde mental, algumas empresas desenvolvem programas de prevenção baseados apenas em consequências. Por exemplo: iniciativas de combate ao uso de álcool e outras drogas, muitas vezes, ignoram as causas que levam os trabalhadores ao abuso dessas substâncias. “Não adianta ter ambiente livre de agentes químicos, físicos e biológicos, bem ventilado e silsncioso, mas submeter o trabalhodor a posições incorretas de trabalho, ritmo de trabalho demasiadamente acelerado ou a exigências incompatíveis com suas capacidades físicas, mentais e emocionais”, exemplifica Berinice Isabel Ferrari Goelzer, engenheira e higienista ocupacional.
Portanto, para encontrar as causas do adoecimento psíquico e agir preventivamente, é preciso avaliar o processo produtivo como um todo. Fatores ambientais como agentes químicos neurotóxicos (metais pesados e solventes orgânicos, por exemplo), ruído intenso, iluminação inadequada e falta de ventilação podem contribuir para o adoecimento psíquico. No entanto, aspectos da organização trabalho-relações interpessoais, ritmos, pausas, posturas, metas, exigência física e mental, entre outros – também precisam ser considerados como fatores de um possível adoecimento mental. Matéria extraída da Revista Proteção.
Foi pensando nessa estatística, que nós da Segurança Ocupacional/CIPA do HMJMJ resolvemos abordar esse assunto com o tema: MENTE SÃ, CORPO SÃO, para a SIPAT 2009.

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